domingo, 15 de setembro de 2013

Leucina, Ômega-3 e Diabetes.


Leucina, Ômega-3 e Diabetes.


- Lawrence JM. Nutritional Factors and Preservation of C-Peptide in Youth with Recently Diagnosed Type 1 Diabetes: SEARCH Nutrition Ancillary Study. Diabetes Care. 2013 Jul;36(7):1842-50. doi: 10.2337/dc12-2084.

- Palmer JP, Fleming GA, Greenbaum CJ, et al. C-peptide is the appropriate outcome measure for type 1 diabetes clinical trials to preserve beta-cell function: report of an ADA workshop, 21-22 October 2001. Diabetes 2004;53:250–264.

- Yang J, Chi Y, Burkhardt BR, Guan Y,Wolf BA. Leucine metabolism in regulation of insulin secretion from pancreatic beta cells. Nutr Rev 2010;68: 270–279.

Artigo editado por Greg Arnold, DC, CSCS.

Traduzido pelo Nutricionista Reinaldo José Ferreira CRN3 – 6141
reinaldonutri@gmail.com
www.suplementacaoesaude.blogspot.com.br


A diabetes tipo 1 ocorre quando o corpo inexplicavelmente ataca as células do pâncreas chamadas de células beta; um processo chamado de "auto-imunidade". Essa perda de células beta deixa o corpo incapaz de produzir insulina e controlar os níveis de açúcar no sangue. Quando o diagnóstico de diabetes tipo 1 é feito, algumas células beta ainda permanecem e podem produzir insulina por vários meses ou anos. Isto levou ao desejo de encontrar formas de preservar essa pequena quantidade de células beta e sua capacidade na produção de insulina.
Agora, um novo estudo sugere dois fatores nutricionais podem contribuir para a preservação da função das células beta em diabéticos tipo 1. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que as vitaminas D e E, o ácido graxo ômega-3, os aminoácidos de cadeia ramificada, especificamente a leucina e a ingestão total de carboidratos podem afetar a função das células beta.

Com base nesses resultados, os pesquisadores avaliaram dados de 1.316 pacientes que participaram do Search for Diabetes; um estudo de 5 anos feito com jovens, envolvendo 5 milhões (6%) de todas as crianças americanas com idades entre 0 a 19 anos e foi "O grupo com maior diversidade racial e geográfica; sendo o maior grupo já selecionado para a pesquisa do diabetes juvenil" (10). Eles identificaram nutrientes que tiveram um efeito positivo sobre os níveis de uma proteína chamada peptídeo C (em jejum), o qual é um indicador da função das células beta. Quanto maior os níveis do peptídeo C em jejum, melhor a função das células beta.
Os pesquisadores descobriram dois nutrientes específicos que tiveram um efeito positivo sobre os níveis de Peptídeo-C em jejum durante o estudo:

Ácido graxo ômega-3 (ácido eicosapentaenóico): houve um benefício significativo (p = 0,02) nos níveis mais altos de ácido eicosapentaenóico nas taxas do peptídeo C em jejum. Especificamente, enquanto a concentração média no sangue dos diabéticos do tipo 1 foi de 0,41% de concentração de sangue, cada aumento de 0,25% nos níveis de sangue mais altos de ácido eicosapentaenóico aumentavam os níveis do peptídeo C (jejum) em 9,2% !!

Níveis combinados de ácidos graxos eicosapentaenóico e docosahexaenóico: Este benefício estatisticamente significativo (p = 0,03) produziu níveis 8,9% mais altos de peptídeo C em jejum para cada aumento de concentração de 0,97% acima do nível médio de ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexaenóico (2,86%).

Níveis de leucina: Confirmando pesquisas anteriores, a cada 0,51 gramas por mil calorias acima do consumo médio de leucina (3,21 g/1000 cal) aumentaram os níveis do peptídeo-C em jejum em 5,7% (p = 0,03).

Ao sugerir possíveis mecanismos de como o ômega-3 e a leucina podem ajudar a manter a função das células beta, os pesquisadores citaram o referido estudo de 2003 sobre o óleo de fígado de bacalhau e o estudo de 2010 sobre a leucina, que sugeriu a leucina pode estimular a secreção de insulina e ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue. Eles concluíram: "Estes resultados podem ser usados ​​para projetar futuros estudos para estabelecer a eficácia e a efetividade das abordagens nutricionais para apoiar a preservação da função das células beta entre os jovens com diabetes tipo 1, diagnosticados recentemente."

Peptídeo-C – Definição:

É um peptídeo produzido juntamente com a insulina pelas células beta do pâncreas e é utilizado pelas próprias células para armazenar a insulina.
Neste processo o peptídeo C se liga a insulina formando um complexo chamado Pró-insulina fazendo com que a mesma não seja utilizada pela célula e apenas armazenada. 
Quando as células beta recebem estímulo para a liberação de insulina esse complexo é liberado na corrente sanguínea e clivado (quebrado) em insulina + peptídeo C.
O peptídeo C é produzido em quantidades equimolares a insulina, tem meia vida maior, 30 minutos e não sofre metabolização hepática tornado-o um bom "marcador de insulina".
Apesar de ter sido identificado há quatro décadas, apenas nos últimos anos começaram a ser descobertas as funções biológicas do peptídeo-C, que passou a ser reconhecido como um hormônio endógeno capaz de prevenir e tratar as complicações crônicas do diabetes mellitus tipo 1.

O estudo dos diferentes níveis estruturais do peptídeo-C humano é fundamental para o entendimento de sua atividade biológica. A partir dessas informações estruturais o NUCEL (Núcleo de Terapia Celular e Molecular / USP) está desenvolvendo moléculas análogas ao peptídeo-C, capazes de exercer funções benéficas no tratamento do diabetes. No NUCEL também estão sendo investigadas novas funções biológicas do peptídeo-C através de experimentos in vitro realizados com células de ilhotas pancreáticas humanas e de roedores e experimentos in vivo em modelos animais de diabetes mellitus tipo 1. Nossos resultados e outros relatos da literatura indicam que o peptídeo-C poderá vir a ser administrado em conjunto com a insulina em uma terapia do futuro para o tratamento do diabetes mellitus tipo 1."


Nota do Nutricionista:

A eficácia da Leucina no estímulo a liberação de insulina já é conhecido há alguns anos.
Agora podemos contar com mais um nutriente para ajudar na liberação de insulina através do aumento do Peptídeo -C; o Ômega-3.
Com isso podemos ajudar os diabéticos no controle da glicemia e na prevenção de complicações futuras.
Veja como são as coisas, há pouco tempo atrás comentamos a afirmação incorreta que o ômega-3 poderia estimular o câncer de próstata.
Esse benefício da Leucina e do Ômega-3 no estímulo a produção de insulina é fantástico; tendo em vista o grande número de pessoas acometidas pelo Diabetes atualmente.