segunda-feira, 23 de março de 2015

Glutamina - Obesidade e Flora Intestinal.

A Glutamina Melhora a Saúde da Flora Intestinal e Contribui para o Emagrecimento.



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Artigo editado por Greg Arnold, DC, CSCS.

Traduzido pelo Nutricionista Reinaldo José Ferreira – CRN3 6141
reinaldonutri@gmail.com
www.suplementacaoesaude.blogspot.com.br



As duas últimas décadas têm visto "um aumento dramático" da obesidade nos Estados Unidos, com 34,9% dos adultos norte-americanos e 17% das crianças e adolescentes com idade entre 2 a 19 anos sendo considerados obesos. O CDC define sobrepeso como tendo um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 25 e 29,9 kg/m2 e obesas tendo um IMC superior a 30 kg/m2. A obesidade está agora identificada como um importante fator de risco para doença coronariana e associada a um maior risco de hipertensão arterial, diabetes, certos tipos de câncer e outras doenças crônicas.
Maior atenção tem sido dada para a saúde digestiva dos que estão com sobrepeso ou obesos, especificamente de que existe um desequilíbrio entre as bactérias benéficas e maléficas no trato digestivo. Além de contribuir para a obesidade; também estimulam a inflamação intestinal, alergias, infecções, câncer e doenças gastrintestinais.


Agora, um novo estudo sugere que a glutamina, um aminoácido conhecido por melhorar os níveis de açúcar no sangue, a pressão arterial e a circunferência de cintura em diabéticos tipo 2, também pode ter um efeito positivo sobre a composição bacteriana do aparelho digestivo.
O estudo envolveu 33 indivíduos com idades entre 23 e 59 anos classificados como obesos ou com sobrepeso (com índice de massa corporal entre 25,03 e 47,12 kg/m2). Eles receberam 30 gramas de glutamina (21 indivíduos) ou placebo, que usou 30 gramas do aminoácido L-alanina (12 indivíduos), por duas semanas. Antes e depois do estudo, foram coletadas amostras de sangue e fezes de cada indivíduo, bem como medições para o Índice de Massa Corporal.


Após duas semanas, o grupo da glutamina obteve uma diminuição de 33% na relação entre duas bactérias (Firmicutes / Bacteroidetes, 0,85-0,57) em comparação com um aumento de 23% no grupo do placebo (0,91-1,12, p <0,05). O significado vem de pesquisas mostrando que uma diminuição nessa razão é um forte indicador na diminuição do peso corporal.
Além disso, aqueles no grupo da glutamina sofreram uma redução significativa em outras bactérias chamadas Dialister em comparação com o grupo placebo (p = 0,03). Este é um importante possível preditor na perda de peso; como pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica têm mostrado uma diminuição nas bactérias Dialister no intestino.


Apesar de não haver diferença significativa entre os dois grupos para índice de massa corporal, circunferência da cintura, e perda de peso, os pesquisadores citaram a curta duração do estudo, afirmando que "No entanto, o perfil da microbiota dos indivíduos no grupo da glutamina foi semelhante a encontrada em pacientes submetidos a programas de perda de peso. Assim, é possível que um estudo com um período mais longo de intervenção possa resultar em alterações metabólicas."
Para os pesquisadores, "A suplementação oral com L-glutamina, por um curto período de tempo, alterou a composição da flora intestinal em seres humanos com excesso de peso e obesos, reduzindo a proporção de Firmicutes / Bacteroidetes, que se assemelha a programas de perda de peso já vistos na literatura."


 Saúde Intestinal e Obesidade:


O estudo acrescenta e reforça os efeitos da microflora intestinal nos fatores metabólicos e na obesidade. A ligação entre a flora intestinal e a homeostase de energia, a inflamação e o seu papel na patogênese de desordens relacionadas com a obesidade são cada vez mais reconhecidas.
Modelos animais da obesidade relacionam uma composição da microbiota alterada para o desenvolvimento da obesidade, resistência à insulina e diabetes no hospedeiro através de vários mecanismos: um aumento da colheita de energia a partir da dieta, metabolismo alterado de ácidos graxos e composição alterada do tecido adiposo e fígado.


Juntamente com o aumento da incidência mundial de perturbações associadas à obesidade, a investigação tem desvendado recentemente vias importantes no metabolismo de ligação com o sistema imune em que a L-glutamina desempenha um importante papel. Apesar de não ser um substituto para a dieta e exercício, a manipulação do microbioma intestinal através de suplementação representa uma nova abordagem para o tratamento da obesidade.
Um estudo de 2005 por Jeffrey Gordon e seu grupo da Universidade de Washington em St. Louis indicou que ratos obesos tinham menores níveis de Bacteroidetes e níveis mais elevados de Firmicutes, em comparação com os ratos magros.
Um ano mais tarde e Dr Gordon relatou resultados semelhantes em seres humanos: As populações microbianas no intestino são diferentes entre as pessoas obesas e magras, e que, quando as pessoas obesas perdem peso sua microflora se torna parecida ao observado em uma pessoa magra, o que sugere que a obesidade pode ter um componente microbiano (Nature, Vol. 444, pp. 1022-1023, 1027-1031).



A Dieta demonstrou influenciar fortemente e rapidamente a composição da flora intestinal, levantando a questão de saber se a dieta independente do fenótipo obeso é responsável pelas alterações na composição microbiana intestinal.
Um artigo mais recente do mesmo grupo na Science Translational Medicine (Vol. 3, 106ra106), informou que a ingestão de bactérias probióticas produziu uma mudança em muitas vias metabólicas, particularmente aquelas relacionados ao metabolismo dos carboidratos.
O novo estudo, embora em pequena escala e de duração limitada, sugeriu que o aminoácido L-glutamina pode também ter potencial no controle do peso, alterando a composição bacteriana no intestino. (Nutrition (2015), doi: 10.1016/j.nut.2015.01.004).



 A Relação Glutamina, Epitélio Intestinal e Imunidade.


Qual o significado de Permeabilidade Intestinal?

Permeabilidade intestinal; (passagem de bactérias nocivas da luz intestinal para a corrente sanguínea) tem sido mais estudada em animais e em pacientes na unidade de terapia intensiva. Permeabilidade intestinal resulta na quebra da barreira imunológica intestinal normal. As lacunas nos enterócitos e disfunção das microvilosidades resultam em exposição ao antígeno que provoca uma inflamação sistêmica (Sepse).
Esta resposta inflamatória resulta na liberação de óxido nítrico e na produção de citocinas inflamatórias.
Dermatite atópica, asma, doença auto imune, alergia alimentar,
síndrome do intestino irritável e doença inflamatória do intestino, estão entre algumas das condições que são exacerbadas. Os enterócitos são células que se reproduzem (renovam) muito rapidamente (a cada 3 ou 4 dias) e o principal nutriente para essa renovação é a “Glutamina”; o corpo e as reservas nutricionais do paciente crítico não permitem a regeneração de células saudáveis. Isto tem sido encontrado por agravar a inflamação associada com septicemia e síndrome do desconforto respiratório agudo (ARDS).
A Glutamina, um aminoácido não essencial é absolutamente crítico para a renovação do enterócito.
A suplementação atenua a inflamação estimulada por citocinas intestinais e reduz o risco de septicemia de origem intestinal.


 Importância da Barreira Intestinal.


A barreira intestinal fisiológica é principalmente formada pela barreira mecânica das células e pelas junções intercelulares, pela barreira imunológica, pela flora microbiana normal e pelo eixo fígado/intestino. Alterações em todos estes componentes da barreira intestinal têm sido referido como sendo responsáveis pela translocação de bactérias e toxinas. A falha da barreira intestinal é caracterizada primariamente por absorção de nutrientes comprometida, resposta imunológica intestinal comprometida, e aumento da permeabilidade intestinal. Um aumento da permeabilidade intestinal foi demonstrado em pacientes criticamente enfermos; internados em unidades de terapia intensiva devido a diversas condições clínicas, em pacientes expostos a queimaduras em pacientes submetidos à circulação extracorpórea, em vítimas de lesão politraumática grave, em receptores de transplante de medula óssea, e em alcoólatras com cirrose. O aumento da permeabilidade da mucosa intestinal é desencadeada por uma série de alterações, tais como o stress oxidativo com o aumento da produção de óxido nítrico e os seus derivados, a liberação de citocinas próinflamatórias, redução do pH intramucosal, e hipoxia.



O aumento da permeabilidade intestinal está intimamente relacionado com a presença de isquemia da mucosa. Em situações de aumento da taxa metabólica secundária, septicemia e outras doenças críticas; as células da mucosa intestinal necessitam de um maior consumo de oxigênio. Paradoxalmente, nessas situações, há uma redução na disponibilidade de oxigênio para valores abaixo dos níveis críticos, devido à redução na liberação de oxigênio e da extração por células da mucosa intestinal. As concentrações intracelulares de oxigênio que são insuficientes para sustentar a respiração mitocondrial normal, induzindo a glicólise anaeróbia com depleção de adenosina trifosfato e acidose intracelular, fatores que predispõem um aumento da permeabilidade da mucosa intestinal. A lesão da mucosa causada por isquemia pode ser agravada pela reperfusão, provavelmente através da ativação da via da xantina oxidase causando um aumento da formação de espécies reativas de oxigênio, tais como o ânion superóxido.
Os radicais livres derivados do oxigênio causam distúrbios adicionais da microcirculação por ferir as células endoteliais e pela ativação de neutrófilos, que geram mais espécies reativas de oxigênio.
Estas alterações resultam no aumento de danos à microcirculação tecidual com exacerbação da lesão intestinal isquêmica e do aumento na permeabilidade intestinal.



 Efeitos da Glutamina na Permeabilidade Intestinal.


A glutamina é atualmente o composto mais conhecido por reduzir a IP (permeabilidade intestinal), e sua depleção nutricional é conhecida por resultar no aumento da IP.
As principais alterações na IP foram demonstradas na deficiência de glutamina em filhotes de ratos.
Além disso, a glutamina demonstrou manter a resistência transepitelial e reduzir a permeabilidade intestinal em monocamadas de culturas de células.
A suplementação de glutamina também demonstrou aumentar a função da barreira intestinal em crianças subnutridas.
A glutamina é o substrato preferencial para os enterócitos, e trabalha em conjunto com outros aminoácidos, tais como arginina e leucina, para manter a integridade e função do epitélio intestinal.
Vários estudos têm demonstrado os efeitos benéficos da glutamina sobre a IP.


Por exemplo, a melhoria da barreira intestinal foi demonstrada em obstrução biliar experimental, após isquemia / reperfusão e mesmo em situações clínicas graves, tais como em pacientes criticamente doentes, nos quais a glutamina reduziu a frequência de infecções pós-cirurgia abdominal.
Além disso, no tratamento de IBD (Doença Inflamatória do Intestino), o uso isoladamente ou em combinação com outros aminoácidos; a glutamina é considerada promissora.
Em crianças de baixo peso ao nascer, as alergias foram controladas pelo tratamento com glutamina durante o primeiro ano de vida.
Estes efeitos não nutritivos da glutamina foram recentemente revistos, e os mesmos têm sido atribuídos às propriedades antioxidantes da glutamina e a expressão aumentada de proteínas de choque térmico.



 Glutamina e Disbiose Intestinal.


A microbiota intestinal é um órgão ativo, formado pelas bactérias que habitam naturalmente nosso intestino, a flora bacteriana é composta tanto por bactérias benéficas quanto maléficas ao organismo. O equilíbrio entre elas é vital a saúde humana.
No intestino grosso, a microbiota é mais numerosa e diversificada, havendo o predomínio da microbiota probiótica, ou seja, bactérias benéficas ao nosso organismo: Bifidobactérias e os Lactobacillus. A microbiota patogênica é composta por bactérias como Clostridium, Pseudomonas, Klebsilae Enterobacter, quem também colonizam o intestino.
A microbiota probiótica exerce diversas funções fundamentais para a saúde humana, como por exemplo, diminuem a proliferação de bactérias patogênicas e modula as células imunológicas, tornando mais eficaz e rápido o sistema de defesa; sintetizam vitaminas e enzimas digestivas, como complexo B, vitamina K e a lactase; contribuem para a redução dos níveis de colesterol plasmático. As fibras alimentares também sofrem ação da microbiota probiótica, formando os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), principal fonte energética para a manutenção de um intestino saudável.


A disbiose intestinal é caracterizada por um aumento da microbiota patogênica, o que afeta as funções do trato gastrointestinal (TGI), ocasionando sintomas inflamatórios e alterações imunológicas, tais como, constipação crônica, flatulência, distensão abdominal, diarreia, infecções do trato genito-urinário, doenças inflamatórias intestinais, intolerância à lactose, piora da imunidade, depressão e mudanças de humor.
A alteração da microbiota intestinal pode ser originada com alimentação inadequada, uso indiscriminado de antibióticos, antiinflamatórios, o uso abusivo de laxantes, excesso do consumo de alimentos processados em detrimento de alimentos crus, excesso de exposição a toxinas ambientais, idade, pH intestinal, presença de fungos, quadros patológicos, como doenças crônicas, e o estresse.
No intuito de melhorar a microbiota intestinal a suplementação de glutamina contribui diminuindo a translocação bacteriana, possuindo uma ação reparadora na mucosa, estimulando o crescimento de vilos e aumentando a capacidade absortiva. A glutamina é o aminoácido que serve como principal fonte energética para as células da mucosa probiótica e certas células imunes (timócitos, linfócitos e macrófagos). Sem glutamina suficiente, pode ocorrer atrofia das células intestinais e prejuízo na função imunológica.
Recomenda-se a utilização de 5-20g de glutamina, preferencialmente junto com as refeições ou associada à alimentação e exercícios físicos. Não há relatos de efeitos colaterais, nem restrições quanto ao seu consumo.





Nota do Nutricionista:


O aminoácido Glutamina tem um enorme valor na manutenção e ganho de tecido muscular.
Além disso, podemos constatar neste artigo sua importância no emagrecimento, na saúde da flora intestinal, na melhora da absorção de nutrientes e no equilíbrio do sistema imunológico.
Precisamos pensar na glutamina como uma ajuda ampla na saúde em termos gerais e não somente focando a massa muscular; afinal nosso intestino (Epitélio intestinal) se renova a cada 3 ou 4 dias e esta renovação é totalmente dependente da Glutamina.
“A Glutamina, um aminoácido não essencial é absolutamente crítico para a renovação do enterócito.”





Um comentário:

  1. genial....parabens por abordar de forma tao esclarecedora este tema...vou passar por cirugia bariatrica fobi capela sofro de desbiose gostaria de saber se posso fazer a cirugia mesmo assim se ela colabora ou atrapalha minha condicao? e se ficarei mais desnutrida ou com maiores danos a saude depois da cirurgia ??/por ja ter a desbiose.
    a suplementacao com a glutamina seria indicado antes e depois da cirugia???

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