domingo, 2 de março de 2014

Você pode estar Sofrendo de Envenenamento por Frutose !! (Parte-2)

Você pode estar Sofrendo de Envenenamento por Frutose !! (Parte-2).

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Artigo editado por Y. Yilmaz e Mark J. Dekker, PhD.

Traduzido pelo Nutricionista Reinaldo José Ferreira CRN3 6141
reinaldonutri@gmail.com
www.suplementacaoesaude.blogspot.com.br


Artigo Complementar – Esteatose Hepática:



Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma doença crônica do fígado e muito comum, mas muitas vezes silenciosa caracterizada pelo acúmulo de triglicerídeos nos hepatócitos que ocorrem em pessoas que consomem pouco ou nenhum álcool. Esta condição compreende um amplo espectro de lesões histológicas que vão desde esteatose simples a esteato-hepatite não alcoólica (NASH), uma inflamação no parênquima hepático (células do fígado) que pode desenvolver ainda mais a fibrose, cirrose e carcinoma hepatocelular. DHGNA é fortemente associada à obesidade e resistência à insulina e é atualmente conceituada como a manifestação hepática da síndrome metabólica (SM). Crescentes evidências indicam que a epidemia de rápido crescimento e alarmante da DHGNA está intimamente entrelaçada com a ocidentalização de hábitos alimentares com uma ingestão maior de açúcares simples, especialmente a frutose. A frutose é um isômero da glicose com um grupo hidroxila no carbono-4 invertido em posição. As últimas décadas têm testemunhado um enorme aumento no consumo de frutose.


Estudos sobre dietas ancestrais têm mostrado que entre 8000 e 10.000 anos atrás a média de ingestão per capita de frutose era de cerca de 2 kg por ano. Aumentos significativos foram observados após a abolição do imposto do açúcar no ano de 1870, desta forma em 1950 o consumo de frutose per capta aumentou para 45 kg.
Notavelmente, o consumo em 1997 tinha subido assustadoramente a 69 kg por ano. Atualmente, a frutose é massivamente utilizada na indústria alimentar devido ao seu sabor doce e à sua falta de inibição na saciedade em comparação com outros açúcares.
De um ponto de vista metabólico, a frutose é absorvida no intestino delgado e é transportada através da barreira epitelial para as células e a corrente sanguínea através do transportador específico GLUT5-frutose. A entrada de frutose em células não é dependente de insulina e não promove a secreção de insulina, ao contrário da glicose.

A frutose absorvida é transportada no plasma através da veia portal hepática até o fígado, onde é metabolizada principalmente através da sua fosforilação; apenas uma pequena quantidade de frutose é metabolizada pela hexoquinase no músculo e tecido adiposo. Além disso, o metabolismo da frutose produz três intermediários de carbono na via glicolítica, que são idênticos para os derivados de glicose.
A partir da década de 1960, um número de estudos em animais e humanos observou associações com o consumo excessivo de frutose e os efeitos metabólicos adversos, que podem ter importantes consequências hepáticas (incluindo o desenvolvimento de esteatose hepática). O potencial papel da frutose na patogênese da DHGNA tem recentemente ganhado muita atenção e está sendo previamente analisado em detalhes. No entanto, o consumo de frutose e seu papel central na insuficiência e dano hepático, ainda não foi investigado completamente.

Teoricamente, o consumo de frutose pode ser ligado a DHGNA através de dois principais mecanismos fisiopatológicos:
o primeiro pode ser definida como «indireta» (ou seja, a frutose pode levar a efeitos adversos metabólicos importantes que por sua vez pode aumentar o risco de desenvolvimento de esteatose hepática), enquanto que o segundo é mais "direto" e poderia envolver um dano hepatotóxico direto.

Frutose e a Desregulação de Vias Enzimáticas no Fígado:


A contínua ingestão de frutose pode impor uma carga metabólica no fígado através da indução da síntese de ácidos graxos e frutoquinase. No fígado, a frutose é metabolizada para a frutose - 1 - fosfato pela frutoquinase, que consome ATP. Como consequência, uma incorporação em massa de frutose no metabolismo do fígado pode levar a elevados níveis de stress metabólico por meio da depleção de ATP. Em um estudo experimental em ratos, Vila et al. mostraram que a hiperexpressão da fructoquinase induzida pela frutose no fígado pode ser reduzida (0,6 vezes mais) pelo inibidor da hidroxi-metil-glutaril - CoA redutase, esse inibidor é a atorvastatina. De nota, os estudos clínicos demonstraram que a atorvastatina pode melhorar a lesão hepática em pacientes com NAFLD com hiperlipidemia.
Ácido graxo sintase catalisa o último passo na via biossintética de ácidos graxos e é um fator determinante da capacidade máxima do fígado para sintetizar ácidos graxos pela lipogênese. Num estudo clínico, relataram que o aumento do consumo de frutose em pacientes com esteatose hepática associada com hiper expressão do RNAm hepático para síntese de ácidos graxos, sugerindo que esta perturbação molecular poderia desempenhar um papel crucial na infiltração gordurosa hepática induzida por frutose.



Frutose e Endotoxina:


Endotoxina, também mencionada como lipopolissacarídeo, representa a membrana da parede celular externa de bactérias Gram-negativas. Altos níveis de endotoxina foram anteriormente observados em condições que rompem a função da barreira intestinal, e têm sido associados com a inflamação crônica pervasiva e anormalidades metabólicas.
A evidência sugere que a ingestão de frutose está associada com a disbiose bacteriana intestinal e o aumento da permeabilidade do intestino, a resultante endotoxemia de baixo grau pode, por sua vez estimular a inflamação crônica e a desregulação imunológica no fígado. Em um estudo experimental (Bergheim et al, 2008) , relatou que os níveis de endotoxina no sangue portal são significativamente maiores nos ratos alimentados com frutose.

Notavelmente, o tratamento concomitante de ratos alimentados com frutose com antibióticos (por exemplo, polimixina B e neomicina) reduziu acentuadamente acúmulo lipídico hepático em animais alimentados com frutose, diminuindo os níveis de endotoxina. Os autores concluíram que o alto consumo de frutose pode não só levar a danos no fígado, mas também pode exercer uma ação pró-inflamatória, aumentando a translocação intestinal de endotoxina.
Em um estudo fisiopatológico, Spruss et al., posteriormente confirmaram a hipótese de que o início da esteatose hepática induzida por frutose em ratos está associada com crescimento bacteriano no intestino delgado e aumento da permeabilidade intestinal, levando a uma ativação dependente da endotoxina nas células hepáticas de Kupffer.

Também foi relatado que a perda de intestinal da recaptação do tranasportador de serotonina é um fator crítico na disfunção induzida por frutose na função de barreira intestinal e subseqüente esteatose experimental induzida por endotoxina. Curiosamente, Volynets et al., também relatou que os ácidos biliares evitam a esteatose hepática induzida por frutose em camundongos através de mecanismos que envolvem a proteção contra a translocação de endotoxina bacteriana intestinal induzida por frutose.
Do ponto de vista molecular, Wagnerberger et al., relatou que vários receptores toll-like (TLR) - uma série de receptores na superfície celular geneticamente conservados e estáveis que surgiram como principais mediadores no início da resposta imune inata celular em resposta à endotoxina, e podem estar envolvidos no aparecimento da esteatose hepática induzida por frutose.

A ativação TLR por endotoxina leva à liberação de vários mediadores de defesa do hospedeiro a partir de células imunes hepáticas que podem influenciar o metabolismo lipídico, a sinalização da insulina e sobrevivência das células, em última análise modulando a resposta inflamatória no parênquima hepático.
O potencial papel da endotoxemia na patogênese da DHGNA humana foi elucidado na prática clínica por Thuy et al., que mostrou que as concentrações plasmáticas de endotoxinas são significativamente maiores em pacientes com DHGNA que nos controles e positivamente associado com a ingestão dietética de carboidratos, incluindo frutose. Os autores especularam que a endotoxemia de baixo grau na DHGNA humana poderia ser o resultado do aumento da permeabilidade intestinal induzida pela frutose. É importante ressaltar que o alto consumo de frutose induziu a translocação bacteriana, ativando um fenótipo secretor pró-inflamatório nos depósitos do tecido adiposo visceral por meio de vias da imunidade inata.


A Frutose também Induz a Resistência a Leptina:


A leptina é um hormônio derivado do tecido adiposo com efeitos periféricos e centrais sobre a ingestão de alimentos e manuseio deste substrato dietético. Camundongos que tiveram seus receptores de leptina suprimidos (db / db) e camundongos que secretam peptídeos mutantes de leptina (ob / ob), são bem caracterizados por um fenótipo que inclui obesidade, esteatose hepática e resistência à insulina.
A leptina estimula a oxidação de ácidos graxos através da ativação do PPAR alpha, através da ação do AMPK. No entanto, indivíduos obesos humanos e os ratos obesos induzidos por dieta demonstram resistência à leptina, que se pensou em contribuir para a deposição de lípidos no fígado e no músculo esquelético. Agudamente, a alimentação com frutose diminui a secreção de leptina nos seres humanos.


Como o metabolismo de glicose é mediado pela insulina, foi demonstrado que também regula a liberação de leptina, este fenômeno pode provavelmente ser atribuído a uma falta de resposta à insulina com o consumo de frutose. Importantemente, quatro semanas de alimentação frutose induziu a hiperleptinemia em humanos. Juntamente com a diminuição da sensibilidade à insulina, a esteatose hepática, e o aumento dos triglicerídeos circulantes, os ratos alimentados com frutose também exibiram a hiperleptinemia, fazendo do rato alimentado com frutose uma ferramenta útil para o estudo da resistência à leptina. Estas respostas aparentemente conflitantes parecem refletir uma diferença na exposição aguda vs crônica à frutose, onde o desenvolvimento de resistência à leptina e hiperleptinemia é provavelmente devido a um aumento da massa de tecido adiposo induzida pela alimentação com frutose.

A principal via proposta por ser responsável pela resistência à leptina envolve a sinalização supressora da molécula de sinalização de citocina 3 ( SOCS3 ). A alimentação com frutose induziu a expressão SOCS3 e a deficiente fosforilação serina / treonina, resultando em resistência à leptina (75 , 138). Além disso, a frutose pode estimular a expressão da proteína tirosina- fosfatase - 1B ( 75 ) . Vila et al . ( 138 ) observaram que os ratos alimentados com frutose exibiram uma função alterada da c-Jun NH2 terminal quinase ( JNK ) e uma ativação da sinalização da proteína quinase e um aumento da expressão de FOXO1 devido à expressão SOCS3. Por sua vez, isto levou à diminuição da PPAR, sugestivo de oxidação de ácidos graxos prejudicada, o que contribuiria para a acumulação de triglicerídeos no fígado. Por outro lado , a ativação de PPAR (alpha) inverteu a resistência à leptina em ratos alimentados com frutose (75) . A alimentação com frutose também aumentou as concentrações de ceramidas hepáticas, levando Vila et al. a sugerir que a oxidação incompleta de ácidos graxos devido a deficiência da PPAR, fornecia substrato para a síntese de ceramidas.

Isso também poderia levar à ativação da proteína fosfatase-2A e assim contribuir para deficiências na sinalização da leptina e agravar doenças metabólicas. Embora a hiperleptinemia possa ser um resultado do aumento da massa de tecido adiposo, verifica-se que a resistência à leptina precede o aumento da adiposidade, a elevação de leptina circulante, e alterações no metabolismo da glicose em ratos, o que sugere que a resistência à leptina possa ser uma indicação precoce de como a alimentação com frutose pode induzir a disfunção metabólica.






Frutose – Gordura Subcutânea e Gordura Visceral:

A adiposidade tem sido tradicionalmente dividida em dois compartimentos principais que compreendem a subcutânea (SAT) e a visceral / intra-abdominal (IVA); a primeira localizada abaixo da pele e a segunda em torno dos órgãos internos do abdômen. A gordura visceral é geralmente considerada metabolicamente mais adversa que a subcutânea, e sua presença tem sido repetidamente associado com diabetes, inflamação e doença cardiovascular. Além disso, a circunferência da cintura, uma medida antropométrica substituta para a gordura visceral, é um dos critérios de diagnóstico para a Síndrome Metabólica.
Recentemente, vários estudos tentaram elucidar a importância relativa do tipo de gordura visceral e os tipos de gordura subcutânea como um fator de risco para DHGNA. A este respeito, Sogabe e colaboradores demonstram que os homens com tipo de gordura visceral encontrada na síndrome metabólica são mais propensos a ter dislipidemia, esteatose hepática, e disfunção hepática do que aqueles com o tipo de gordura subcutânea. Em um estudo em indivíduos submetidos a um check-up de saúde e medição de acúmulo de gordura visceral, Eguchi et al., demonstrou que o acúmulo de gordura visceral nos pacientes com esteatose avançada foi maior do que em pacientes com esteatose recente.


Recomendações para o Consumo Máximo Diário de Frutose:

O consumo máximo ideal de frutose para não estimular o aparecimento da síndrome metabólica deve ficar entre 20 e 25 gramas por dia.

Veja alguns exemplos abaixo:







Tabela retirada do site: http://janeshealthykitchen.com/fructose-fresh-fruit-vs-juice/#.Uw0TMfldVpp

Citação do Dr. Robert Lusting:

"A frutose é uma toxina para o fígado assim como o álcool. Pode promover o aumento do colesterol, resistência à insulina, depósitos de gordura no fígado, a inflamação e pode levar à diabetes. A frutose é um desastre metabólico no corpo humano. Ele provoca uma fome interminável, fazendo você comer mais e mais em um ciclo vicioso de consumo e doenças em nossa sociedade. "
" A Frutose, a glicose e todos os açúcares são riscos à saúde. A Frutose faz com que o fígado trabalhe em excesso. A glicose faz com que os níveis de insulina subam de forma exagerada, o que leva à resistência à insulina, diabetes tipo 2 e obesidade. Não há alimentos ricos em açúcar que sejam saudáveis. "
Dr. Robert H. Lustig, MD, author of “The Bitter Truth” Video, Professor of Pediatrics in the Division of Endocrinology at U of C in San Francisco.



Nota do Nutricionista:

Citação Dr. Robert Lusting -

"A frutose é uma toxina para o fígado assim como o álcool. Pode promover o aumento do colesterol, resistência à insulina, depósitos de gordura no fígado, a inflamação e pode levar à diabetes. A frutose é um desastre metabólico no corpo humano. Ele provoca uma fome interminável, fazendo você comer mais e mais em um ciclo vicioso de consumo e doenças em nossa sociedade. "

Impressionante, veja que 1 copo de suco de laranja fornece 17 gramas de frutose, sendo que nosso limite máximo seria de 20-25 gramas; triste realidade.
Espero com este artigo contribuir com todos aqueles preocupados com a saúde, esclarecendo alguns detalhes deste inocente veneno chamado frutose.